Hoje na aula, um dos meus professores de literatura leu um poema pra nós. É um poema de Carlos Drummond de Andrade. Que o cara é fera, acho que todos já sabíamos, mas aquela poesia eu gostei de verdade, e o modo com que foi contada... Achei ótima e muito verdadeira. Deixo aqui a poesia, para quem gosta, ler e, quem sabe, refletir. Chama-se Consolo na Praia e me faz lembrar de quando estamos sentados na areia, sentindo o vento bater no rosto, admirando o mar. Existe coisa mais relaxante do que o mar? Aquele barulho gostoso de água, as ondas indo e vindo, os pássaros à beira e, se tivermos sorte, como eu, graças a Deus, já tive, ver uns golfinhos ou baleias nadando ao fundo exibindo suas nadadeiras. A natureza, simples e pura, ali, na nossa frente. E então, o poema vem a calhar. Queria eu ter a proeza de ser poeta.
Consolo na Praia
"Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho."
Carlos Drummond de Andrade
Califórnia, Fev de 2011
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